notas perdidas

Não escrevo para impressionar.

Não escrevo pela estética das palavras, para que pensem que sou culta, para ganhar prestígio e premiações. Ao escrever não me preocupo com tolices gramaticais. Apenas escrevo. Sem regras, sem limites, sem padrões formais idiotas, sem erros nem acertos.

Escrevo primeira e unicamente para descarregar idéias. Escrevo quando um sopro celestial toca minha alma e me enche de inspiração. Escrevo mediante a necessidade de traduzir meus pensamentos numa folha de papel, convertidos em simples palavras.

Não escrevo para satisfazer alguém além de mim mesma. Seria uma perda de tempo se acaso esperasse compreensão e comoção da parte de terceiros, pois quando escrevo, as palavras fluem do meu interior. Elas não tocam a mim da mesma forma que tocam a ti. Cada um interpreta emoções da sua própria maneira, da maneira que sente, para então formular suas devidas conclusões e definições.

Escrevo no ritmo das batidas do meu coração, de dentro para fora, de acordo com meu jeito apaixonado de enxergar o mundo. Enquanto sofro, amadureço; enquanto penso, sonho; enquanto sonho, escrevo. E me permito planar sobre a leveza dos prazeres de ser somente eu, e ninguém mais.

Era uma vez uma garota que não sabia muito sobre si mesma,
não sabia ao certo o que queria, entretanto tinha certeza de
uma coisa: desejava alguém. E não sabia porquê.
Esse alguém era um alguém como outro qualquer, não tinha
mistérios. Mas para ela tinha. Ela queria conhecer mais sobre
seu jeito, enxergar além dos seus olhos ou através deles o
mundo como ele é.
A garota gostaria de descobrir uma maneira de aproximar-se do
seu alguém. Sentia tanta vontade de tocá-lo que chegava
até a doer. Ela passava dias imersa em seus sonhos estranhos
em que conseguia o que queria... voava para longe, observando
em visão panorâmica cada movimento do alguém.
Esse alguém não reparava nela tanto quanto ela gostaria. Ela
talvez não fosse digna de sua atenção. Para piorar, a garota
não sabe como agir quando está interessada em uma pessoa.
Fica melosa, grudenta, insistente e idiota. Insuportável. Isso
só a afasta do tal alguém.
Era uma vez um fim, que não é de todo um fim: é, na verdade,
tentativa falha de esquecer. E assim a garota contenta-se com
seu fim fajuto, tentando seguir como se os sentimentos
despertados por aquele alguém já não a atormentassem mais.
Como se o alguém sequer tivesse cruzado seu caminho.
Ela continua seguindo, misturando-se entre a multidão de pessoas,
apagando-se na indiferença...

TESOUROS INSIGNIFICANTES


Não tenho palavras para doar, nem para animar. Não tenho palavras que retratem a aparência dos dias que tenho vivido. Nem mesmo tenho palavras para descrever o que comi no café da manhã.

Tudo o que tenho são lembranças. Lembranças guardadas empoeiradas, frescas temperadas, vagas e vazias. Lembranças sombrias, tristes e algumas reprimidas. Lembranças que despertam diversas emoções, emoções essas que estiveram adormecidas em algum lugar em mim por anos, séculos e segundos...

Avançam as descontroladas emoções. Boas, ruins, estranhas, estimulantes, calorosas, calorentas, vergonhosas, desesperadas. Florescem como rosas na tarde de outono ou fluorescem inundando com luz prateada a escuridão.

Emoções libertam sensações: prazer, repulsa, nostalgia. Ventania. São enchentes que transbordam do rio da alma e afogam minhas palavras.

Ainda não tenho palavras.

Elas estão se dissolvendo pelos arranha-céus, se decompondo lentamente na rua da amargura.

Agora podem estar voando com os pássaros nas montanhas, resplandecendo entre a luz de um holofote, ou simplesmente pairando sobre minha cabeça.

Para encarar o amanhã e encontrar forças no hoje só me restou uma palavra: amor.

Pode guardá-la para você, se quiser.

BRISA DE ABRIL


Um amor, uma aventura, um sonho demasiado longo. Uma loucura, uma cena de novela. Erva cidreira.
Sorriso maravilhoso. Olhar de lince, hábil e voraz. Bem-estar e felicidade. Falta de coerência. Saudade, desejo, prazer. Risadas e paz interior. Vontade de fugir para bem longe, te curtir, cantar uma canção, um verso meu. Brincadeira proibida. Destino errado e incerto. Destino errante. Estrelas e o sol. O céu muito azul. Neblina verde. Cachoeira, musgos na pedra. Cheiro de terra. Esquentar. Completar. Acariciar. Querer estar viva. Gostar de alguém. Ansiosidade. Chorar sem nenhum motivo aparente. Crer que será melhor desta vez. Luz no fim do túnel, esperança. Eclipse lunar. Adão e Eva. Pensamentos. Firmamento. Era. Efeito colateral. Portal da felicidade. Alegria temporária. Distância. Martírio. Apenas lembranças de um dia de outono.

DESCREVENDO O INDESCRITÍVEL


Amar alguém é ser imprevisível

É pegar um atalho nas asas do destino

que leve direto ao coração

É querer viver para sempre

Se fazer eterno no tempo que se passa

em função de provar a imensidão do seu amor

Amar alguém é desejar intensamente

Querer acabar com a distância entre dois corpos

por menor que ela seja, estreitá-la

Querer entrar na pessoa amada de todas as maneiras possíveis e impossíveis

Entrar nos pensamentos, nos sonhos, nas lembranças boas

e também penetrar no corpo dela para que seja um corpo só

sem saber onde eu começo e você termina

Amar alguém é ir além do óbvio

Recomeçar do zero outra vez

Sorrir ao encontrar-me em seu olhar

É não precisar fazer sentido

e abrigar em si mesmo o mais forte sentimento

capaz de fazer tudo ter um sentido

e ter um sentido para tudo

Amar alguém é quando o mundo se resume em uma pessoa

É entregar-se ao desconhecido

É sentir que está queimando, porém consentir por estar aquecido

É ser masoquista, receber a dor de portas abertas

pois a sua visita é confortável

Ignorar o medo de se machucar e seguir arriscando

Pôr a mão no fogo

pelo simples fato de amar alguém

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