TESOUROS INSIGNIFICANTES


Não tenho palavras para doar, nem para animar. Não tenho palavras que retratem a aparência dos dias que tenho vivido. Nem mesmo tenho palavras para descrever o que comi no café da manhã.

Tudo o que tenho são lembranças. Lembranças guardadas empoeiradas, frescas temperadas, vagas e vazias. Lembranças sombrias, tristes e algumas reprimidas. Lembranças que despertam diversas emoções, emoções essas que estiveram adormecidas em algum lugar em mim por anos, séculos e segundos...

Avançam as descontroladas emoções. Boas, ruins, estranhas, estimulantes, calorosas, calorentas, vergonhosas, desesperadas. Florescem como rosas na tarde de outono ou fluorescem inundando com luz prateada a escuridão.

Emoções libertam sensações: prazer, repulsa, nostalgia. Ventania. São enchentes que transbordam do rio da alma e afogam minhas palavras.

Ainda não tenho palavras.

Elas estão se dissolvendo pelos arranha-céus, se decompondo lentamente na rua da amargura.

Agora podem estar voando com os pássaros nas montanhas, resplandecendo entre a luz de um holofote, ou simplesmente pairando sobre minha cabeça.

Para encarar o amanhã e encontrar forças no hoje só me restou uma palavra: amor.

Pode guardá-la para você, se quiser.

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